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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

MAXI MODA 2010 Eu fui!


Bom nessa sexta dia 20/08 aconteceu o III Seminário de Marketing de Moda do Nordeste, projeto idealizado e realizado por Márcia Travessoni, aconteceu na sala de exibição 8 do UCI Iguatemi aqui em Fortaleza. Como convidados trouxe grandes nomes da moda brasileira. Crib Tanaka, Renato Kherlakian, Alexandre Birman e Glória Coelho. 

Idealizadora - Márcia Travessoni

Graduada em Jornalismo e em Moda. Marketing da Espaço Fashion, grife carioca hit do fashion Rio. Conectada com as novas mídias, desenvolve ações nas principais redes sociais da internet.

Crib Tanaka, responsável pelo reposicionamento da grife Espaço Fashion e nos falou da experiência em transformar a loja em uma marca. O caminho percorrido mostrou um começo de conhecimento do produto e do cliente na busca de estratégias para que a relação da marca pudesse chegar a seu público por meio de lookbooks, catálogos e site que mostrassem uma qualidade superior e coerência de linguagem.
Daí tudo bem, os conhecedores do processo podem verificar que essas metas são corretas ao ofício. Mas até aí o convencional e esperado transforma-se numa avalanche de mídias que Tanaka nos apresenta e conduz sua fala para que vejamos como essas maneiras convencionais de trabalhar o marketing se transformam no mundo desmaterializado da informação contemporânea. 
E nada de achar que essa maneira de encarar as novas mídias é apenas divertimento do mundo virtual. Elas têm base em pesquisas formais e estatísticas reais do funcionamento e do público que as acessa. De posse dessas informações a equipe de três membros revolve idéias e formas para levar o máximo e o melhor da informação, primeiro de maneira virtual, conquistando e estimulando a curiosidade e o desejo dos clientes, depois na realidade palpável dos produtos em lojas, vitrines e desfiles. Assim se dá a REINVENÇÃO do Espaço Fashion por Crib Tanaka.

Criador de marcas como Zoomp e Zapping. Lançou sua marca de jeans premium, a RK Denim, presente no Brasil e no exterior. Assina a próxima coleção de jeans da C&A.

Renato Kherlakian chega durante o segundo momento da manhã para contar o RECOMEÇO do jeans. Pioneiro no Brasil da década de 1970, ele tirou o melhor da descontração dos hippies no Rio de Janeiro e começou com uma loja de peças criadas artesanalmente e que já demonstravam uma versão de atitude em forma de moda. Atitude que marcou o jeans da ZOOMP, a marca do raio (símbolo da logomarca) que Kherlakian pôs no mercado de moda quando este ainda engatinhava no Brasil. 
Segundo ele, moldar o corpo da brasileira ajudou a reforçar a imagem da mulher, e essa imagem acompanhou sua marca por 32 anos, quando a vendeu. Com a venda da Zoomp, Renato vendeu uma das marcas mais lembradas pelo trabalho de modelagem (vendia números intermediários, algo um tanto raro para roupas), simplicidade e qualidade das peças. Mostrou um vídeo de 25 minutos, realizado para comemorar os 25 anos da Zoomp, no qual figuram nomes da moda brasileira, cada qual com suas memórias quanto à marca. 
Outro nome que criou foi mostrado nesse vídeo, a Zapping, derivada da Zoomp e que fazia menção ao ato de zapear por controle remoto. Ensaiou apresentar seu novo trabalho e mostrou algumas peças em jeans, mas não desenvolveu em detalhes, talvez em parte pelo contrato de venda da Zoomp, que pregava um intervalo em possíveis marcas que fizessem concorrência à que fora vendida. Aguardaremos as novidades propostas pelo mestre do jeans, que marcou a história da moda brasileira nesse setor.

Vice Presidente da Arezzo. Criador da Schutz. Sua marca de acessórios de luxo conquistou a preferência das celebridades americanas.

A vinda de Alexandre Birman na tarde de palestras nos mostrou em palavras e imagens o dinamismo desse jovem empresário, atento à história de suas marcas e às novidades trazidas pela RENOVAÇÂO constante no pensar. Começou pela conhecida Arezzo e confessou que a escolha do nome foi ao acaso, utilizando o mapa da Itália e escolhendo uma das cidades. Nascida como empresa familiar, a Arezzo partiu para a terceirização após expandir, e em um momento posterior teve sua fusão celebrada com a Schutz, marca criada por Alexandre. 
A Schutz foi criada previamente para desenvolver produtos masculinos, para logo depois focar no público feminino. Com o desenvolvimento da marca, Alexandre nos diz que ampliou suas possibilidades a partir de pesquisas formais (novamente a ciência dá o tom ao mercado fashion durante o seminário), um forte trabalho de branding e investimento voltado para a área de comunicação. Suas campanhas têm a qualidade presente na Arezzo, que investiu no trabalho com artistas brasileiros de renome, com o diferencial de que foca em um público um tanto mais ousado. 
As lojas estão ganhando espaço nas ruas e shoppings refinados de capitais e levam a imagem previamente rotulada de “temporary stores” (lojas temporárias). A composição foi marcante e significativa para tornarem-se definitivas: pé-direito alto, interior banco, expositores cúbicos brancos, iluminação teatral e a presença de diversos painéis com vídeos projetados. A comunicação visual da fachada marca pela simplicidade e destaca o número do ponto em letras maiores e vermelhas, bem como o nome da rua, o nome SCHUTZ e o “rótulo” temporary store. Sucesso de público,  o lançamento de cada uma das unidades primou por um forte trabalho de promoção com formadores de opinião, socialites ou blogueiras, mostrando a abertura ao novo e ao diferente. 
Essa experiência explicitada por Alexandre rendeu ainda outro fruto: a marca Alexandre Birman, voltada ao luxo e ao diferenciado, possui representante em Fortaleza e já conta até com fala no cinema e presença nas lojas de departamento americanas (com previsão para viajar também às vitrines européias), provando que embora custe ousar, esse é o caminho aprendido com a Arezzo e a Schutz. Afirma sabiamente que empresa familiar só vale a pena com estudo, trabalho e talentos reais, não por afinidades consanguíneas. Na totalidade, a apresentação demonstrou a coerência de um trabalho empresarial de equipe, sincronizado com o presente, aberto ao futuro e às mudanças que o acompanham.

Estilista formada no Studio Berçot/Paris. Iniciou sua trajetória com a marca G nos anos 70. Criadora da grife carioca Carlota Joakina. Um dos nomes mais fortes e consistentes do prêt-à-porter brasileiro.

Fim de tarde e Gloria Coelho chega acompanhada com um de seus assistentes, este responsável pela criação da marca Carlota Joaquina. Pudemos ver a jovialidade em duas vertentes: na figura de Diego e no humor e descontração de Gloria. Ela começou de uma maneira convencional, apresentando o trabalho diário e contínuo de uma marca para materializar criações: processo criativo, tabelas, fórmulas e cronogramas. Auxiliada na apresentação por Diego, afirmou ser esse o trabalho encomendado e realizado por uma consultoria, e experimentado coleção após coleção, até atingir um patamar de afinação necessária para reverter lucros e agradar clientes. 
Entre palavras e fórmulas, dá conselhos que pode até desorientar alguns desavisados, mas para um ouvinte mais atento diz por entrelinhas: só faça se realmente amar e souber que o caminho pode ter receitas, mas não é tão fácil. Afirma que teme pela carreira de seu filho, que cria moda desde os doze anos, mas acredita também que ele esteja nesse caminho porque realmente gosta o ofício. E entre conselhos, opiniões, críticas (depõe claramente contra a alta quantidade de impostos sobretaxando as máquinas do parque industrial brasileiro, desfavorecendo as confecções e o desenvolvimento da qualidade dos produtos) e sérias brincadeiras (adepta confessa da astrologia e de conhecimentos cabalísticos e filosóficos), Gloria também nos regala com o conteúdo de seu último desfile, claro, limpo e com influências declaradas no design de automóveis, parceria realizada com a empresa BMW, que colocou um veículo na passarela.
Plissados, volumes e plumagens fazem referências às formas automobilísticas e arquitetônicas, fractais e pássaros. Fã declarada de Paul Poiret e Madeleine Vionnet, Gloria demonstra familiaridade e talento com a modelagem e declara que mesmo que não se conte com uma boa modelista, deve-se investir na formação desta, ensinando e aprendendo. Percebe-se uma fase de RENASCIMENTO em sua trajetória, fortalecida por um desfile propositalmente branco (na idéia de que o somatório das cores, o branco, consumiria menos energia do planeta) com toques ousados de calçados exclusivos que comunicam uma vontade de conexão com a atualidade dos avatares: uma capa em cor vestindo a real forma do sapato escolhido. 
Com o conselho de que só se comunica com uma autoconfiança desenvolvida, Gloria Coelho anuncia seus próximos movimentos voltados para a exposição do acervo com peças de desfiles posteriores, cuidadosamente colecionados e a publicação de um livro contando sua carreira.



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